quarta-feira, 4 de agosto de 2010

NOTAS REGIONAIS - 'Dinastia Costa' domina cidade pobre e atrasada dos Cocais -Edição 25 -Ano II


Lugar que abriga uma legião de excluídos sociais de mais de 11 mil pessoas, segundo o Mapa da Exclusão Social no Brasil (José Lemos, 2008), o município de Dom Pedro, a 324 quilômetros de São Luís, vive uma realidade política comum a quase todos os municípios do centro maranhense (região dos Cocais): é dominado há vários anos por uma dinastia familiar. Esse neocoronelismo – versão moderna, mas não menos nefasta, do sistema político que floresceu no Brasil nas décadas de 1910 a 1950, quando os fazendeiros ricos impunham à maioria do povo suas próprias leis – é representado em Dom Pedro pelo clã Costa.

Quando o mandato da atual gestora Maria Arlene Barros Costa (PDT) terminar, em 2012, quatro integrantes da família terão sentado na cadeira de prefeito durante nada menos que 26 anos – isso desde a primeira eleição municipal, em 1952, em que saiu vitorioso justamente um Costa, Ananias de Morais Costa, que administrou Dom Pedro de 1953 a 1956.

O clã voltaria a ocupar o poder municipal em 1983, com a eleição, no ano anterior, de Alfredo Falcão Costa, marido da atual prefeita. Ele foi prefeito por seis anos (até 1988).

Nas eleições de 1992, o odontólogo José de Ribamar Costa Filho (primo de Alfredo Costa) saiu vencedor. Administrou Dom Pedro de 1993 a 1996 (quatro anos).

Ribamar voltou à Prefeitura em 2000 e foi reeleito em 2004. Foram oito anos no poder: 2001 a 2008. Arlene Costa o sucedeu, assumindo o cargo de prefeita em 2009.

Atualmente, os Costa também marcam presença nos cargos de primeiro escalão do Executivo Municipal. Eduardo Barros Costa, filho de Alfredo e Arlene, é citado pela oposição como tão influente quanto os pais na administração do município. É dono da empresa Imperador Empreendimentos, que possui caçambas que prestam serviços diversos.

Rômulo Costa, outro filho do casal, é secretário de Administração e Finanças. Cíntia Costa, filha, é secretária da Saúde.

E ainda não acabou. Eridan Dias Costa, mulher do ex-prefeito Ribamar Filho, ganhou o cargo de secretária de Assistência Social. Já sua irmã, Ivânia Dias Falcão, é secretária de Educação.

Atraso político e social – O JP na Estrada esteve em Dom Pedro em meados deste mês e constatou que as atuais práticas políticas no município que já teve o nome de Mata do Nascimento não diferem muito daquelas do tempo em que o lendário camponês Manoel Bernardino era um dos poucos a ter coragem de enfrentar a prepotência dos coronéis locais. Estes viviam nababescamente em Codó enquanto a população pobre da região passava as piores privações.

O “voto de cabresto” e a compra de votos, por exemplo, ainda são comuns nos povoados – quase todos paupérrimos e carentes de tudo – do município.

Nesses lugares esquecidos, só se vota em quem paga ou naquele que o poderoso de plantão mandar. Nada diferente da época em que o coronel Sebastião Archer da Silva, de Codó, fazia e desfazia na Mata do Nascimento, lá pelo fim da década de 1940. “Se o coronel Archer apresentasse um sabugo de milho pro povo votar, o sabugo seria eleito”, disse uma das mais antigas moradoras de Dom Pedro ao JP na Estrada.

Recorde de ociosidade – Outra característica do neocoronelismo dom-pedrense está presente na postura dos atuais vereadores do município. Empregados dos cidadãos, eles recusam-se a dar satisfações a seus patrões sobre sua produção, ou melhor, a falta de.

Um levantamento paralelo de movimentos da sociedade civil de Dom Pedro apurou que oito dos nove vereadores do município não apresentaram sequer um único projeto no ano e meio já passado da atual legislatura, o que provavelmente é um recorde nacional de ociosidade.

Frequentar a Câmara Municipal nos dias de sessão – terças e sextas-feiras – também não é com os edis dom-pedrenses. “Um dos vereadores eleitos em 2008, irmão do vice-prefeito, só foi à Câmara Municipal no dia da posse”, revelou Walbert Batista de Carvalho Filho (PTB), o “Dr. Walbert”, único vereador a apresentar projetos nessa legislatura – 22 ao todo.

‘Casa do Povo’ de portas fechadas – O pior é que a Câmara, que deveria ser a “Casa do Povo”, fechou as portas para os cidadãos dom-pedrenses: a população está proibida de entrar no recinto.
FONTE : JP

2 comentários:

Antonio disse...

O Maranhão tem que dizer não para isso,estes parasitas vivem escravizando e humilhando o nosso povo.
Família costa,família Sarney etc.

Anônimo disse...

Isso é o mais perfeito retrato do analfabetismo político que impera em nosso estado!certamente a maioria desse povo sofrido não sabe nem pra que serve politica.Se no dia da eleição o seu candidato tira a maioria nas urnas,é a unica coisa que importa.Os 4 anos de humilhação que virão depois não tem problema nenhum,pois o seu "CANDIDATO QUERIDINHO" está sentado lá!